terça-feira, 23 de novembro de 2010

Algumas...

A noite chegou e trouxe as estrelas e a lua,

que penduradas, displicentemente, lá no céu

esqueceram de trazer você também.


*


Eu suporto tudo tudo!

Eu sou forte,

mas não sorria assim...

isso é golpe baixo.


*


Eu sou louca por você,

mas entre ser louca e feliz,

escolho ser feliz!


*


Resolvi experimentar a ilusão em doses homeopáticas

e acabei tendo uma overdose.


*


Se se permitisse me conhecer a fundo, saberia que sou uma mulher complexa,

mas que nesse ponto não chego a seus pés...

E que daria uns bons anos da minha vida

para tentar desvendar nossas complexidades.


*

Meus sinais estão por toda parte.

Todos os sinais estão por toda parte.

Todos os sinais de todas as pessoas estão por toda parte.

Permita-se desvendar.


*

Procuro as palavras exatas para definir o indefinível e tudo me escapa.

Onde estão as minhas certezas?

O amanhecer logo virá e o que sobra de tudo

é a lua pendente no céu até o dia clarear...

E continuo aqui, com as palavras inexatas,

querendo fluidez e inspiração.


*

Quero a paz de ser vazia.


(Nil)






domingo, 12 de setembro de 2010

Vôo

O bater das asas de um pássaro acordou-me de um sono profundo

Agora olho a janela aberta a minha frente

E aprecio o seu pequeno vôo

As asas azuis batendo

Dançando ...

Bailarina no ar!

(Nil)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pronto...

Andei sumida, tentando colocar ordem no meu mundo. Agora volto. Renovada ainda não, mas apaziguada! Fazendo as pazes com meus dilemas e sondando cada minuto que o universo me proporciona, atenta ao desejo de viver experiências novas e de qualidade. É isso! Paz e bem!

(Nil)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

...



Os sentimentos, não raramente,
são antíteses sagazes,
são os mesmos aqueles que nos unem e desunem.

(Nil)

domingo, 30 de maio de 2010

Pessoas que valem a pena ler...

O meu poema inspirou no Luciano este:

"O que fica, é o que não jaz,
Não permanece,
Sequer ficou.
Não desvencilha,
Nem se impregna.
Mas é o que sentimos,
Coagindo aquilo
Que entregamos
À rendição.
É o que nos faz ser,
Sem nunca ter sido.
Que jamais alcançou
A imensidão...
Pois o amor
Feito de amor,
Somente se faz,
Sem explicação."

Luciano Vieira


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sexta-feira, 28 de maio de 2010

O que fica...

Algumas lembranças o tempo apaga
Simplesmente levam
O que sobra é o que realmente importa
Aqueles momentos mais intensos
Uma música
Um perfume
Um toque
O som de um sorriso
As mãos
A voz
O olhar
E todos esses detalhes...
O que insiste em ficar
É o que mais dói.

(Nil)

domingo, 9 de maio de 2010

Sinto saudade da voz da minha mãe

Sinto saudade da voz da minha mãe
Do som que era alto e forte
De quando ela contava as novidades da família
Quando brigava
Ralhava com um e outro
Sinto saudade da voz que era sua identidade
Sua força, sua personalidade.
Sinto saudade da voz dela
Dizendo o que eu deveria fazer
Falando como foi o dia no trabalho
Sinto saudade do tempo em que ela
Tinha sua vida nas mãos
Mãos calejadas pelo trabalho
Mãos cansadas...Mãos de mãe guerreira!
Sinto saudade da voz da minha mãe
Não ouço mais, apenas o sorriso.
E sinto saudades... Morro de saudades.
Que bom que ainda posso abraçá-la!
Mãe amo você, meu eterno exemplo de vida.

(Nil)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cansaço

O dia vem incerto quase sempre
e hoje acordei sem vontade de levantar
mas a obrigação me tirou cedo da cama
Tem dia que é assim
passa arrastado
cansativo
sem novidades e chega a noite
e tudo se repete
cansaço, cansaço de tudo.

(Nil)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Não aceito mais...

Não aceito mais essa esperança que se avizinha
Que sorri boba com minha cara de tonta
Não aceito mais a dor
Depois da maldita esperança
Não quero mais
Não aceito
Dispenso
Devolvo
Não quero mais esperar que o dia mude
Que o retorno seja breve
Que o sorriso seja fácil
Que o desejo seja forte
Esperar... é isso que resta?
Não aceito mais migalhas.

(Nil)

Insônia

E agora o sono que não vem?
O corpo pede cama
e a mente pede movimento
a noite há muito já chegou
e a escuridão da madrugada
chega implacável
lembrando que logo começa outro dia
e tudo recomeça...
E onde foi parar o sono?

(Nil)

Madrugada 01:03

domingo, 11 de abril de 2010

Talvez

Talvez seja tarde
Talvez seja fé
Talvez seja alento
Talvez um amor
Talvez um tormento
Talvez seja eu
Talvez você
Talvez sejam os dois
Talvez um momento
Talvez uma angústia
Talvez melancolia
Talvez uma espera
Talvez seja hoje
Talvez nunca mais.

(Nil)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Divagações antigas - 2005


A infância há muito se perdeu nas fotos amareladas na gaveta.
A tarde hoje tinha cheiro de infância, naquele tempo em que cismava
em ficar na janela vendo o tempo nublado...frio... e mil sonhos a
rondar minha mente.
Pouco restou em mim da menina sonhadora.
Hoje, mulher, meus sonhos se desfazem facilmente e quando não me
contento com pouco, fico do outro lado, no limiar do desespero, por
querer tudo e tão pouco terem pra me oferecer.
__________

Hoje acordei com uma sensação de nova vida...
De repente me dei conta da minha atual situação... alguns medos batem à minha porta."-Medos são normais!" Diria alguém. Porém meus medos são meus e a tendência humana é supervalorizar o que é seu. Portanto, eles são imensos e assustadores!

Normal é ser feliz, é conseguir exorcizar os fantasmas do passado e sair incólume disso tudo. Às vezes me sinto perdida, sem bússola, sem norte, sem poente...e choro. Pareço criança querendo o colo da mãe. Em outros momentos, me sinto forte e com um poder indestrutível, pronta pra enfrentar qualquer coisa. Toda essa gama de emoções fazem parte do meu eu e penso se um dia vou conseguir "endurecer" um pouquinho... Claro, sem perder a feminilidade, sem ficar amarga e me sentindo mal-amada. Quero tudo, mas com um toque da minha essência, que sei, nunca se perderá.
__________

(Nil)

Esperança


A esperança alimenta o amor
Dela ele tira forças pra continuar
Pra se refazer todos os dias
Mesmo diante de todas as dores
O amor está ali porque
A esperança traz um certo tipo de conformação
Que faz com que o coração salte
Apenas com uma pequena atenção do ser amado.
O amor é nutrido assim
E ele não morre
Porque a esperança se fortifica
Continua
Insiste
Até que talvez um dia
Deixe de esperar algo...
E então o que seria do amor sem esperança?
Ele existiria?

(Nil)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

TPM



TPM é uma miséria! Essa maldita nos provoca reações que faz com que percamos um pouco o senso, a lógica, o chão, a certeza, a força e sei lá mais quantas coisas perdemos nesses dias. É cruel!

Tem mulher que passa incólume por esses dias? Pois essa raridade merece um prêmio ou algo que vale mais. Conseguir manter a sanidade nesses dias, pra mim, é quase impossível. Pois tudo vem com mais força do que os outros dias: a dor, a sensibilidade, o amor, o ódio, a incerteza, a auto-estima cai no chão, o espelho é o inimigo número 1... E as dores? Ah vou lhe contar das dores, nas pernas, dor de cabeça, nos braços, no corpo todo, dói e você simplesmente tem que esperar, afinal vai passar, como todo o resto. Mas enquanto não passa, como sorrir e ser boazinha nesses dias? Eu quero mais é me trancar, comer chocolate, chorar, comer chocolate, sorrir de raiva porque vou engordar, chorar de novo, lembrar de todas as coisas que me emocionaram ou me decepcionaram e desejar que tudo vá pro inferno.

Se consigo falar do assunto agora é porque a TPM ainda não exerceu nenhuma influência sobre mim, ainda, este mês. Mas ela virá... E isso é uma certeza, talvez venha mais amena em um mês, porém espere mais do próximo. Ela simplesmente não pula etapas, não pula mês. Esteja você feliz ou infeliz, os hormônios estão ali e fazem parte de você, é o que torna sua condição feminina possível. Podia ser mais simples? Algo mais contido? Mas não é, não pra todas.

Quem disse que ser mulher é fácil??? Não é, mas não troco isso por nenhuma outra versão de ser humano que exista. Mesmo porque, a outra versão não suportaria isso, não é? ; )

(Nil)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pessoas que valem a pena ler...

POR NÃO ESTAREM DISTRAÍDOS

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector

"Para não esquecer" - 5ª ed. - Siciliano - São Paulo, 1992

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Considerações...

Ano passado, em um dia normal de trabalho, logo pela manhã, recebi a notícia ruim de que uma amiga estava com câncer. Isso me deixou baqueada, porque gosto muito dela e além do mais, o fato de uma doença tão próxima em uma pessoa querida, me fez questionar vários valores e também quem sou e qual meu propósito nesta vida.

É engraçado como à medida que envelhecemos, esse tipo de notícia torna-se lugar-comum e é algo assustador pra mim, embora sempre tenha a tendência a manter a serenidade.

Somos tão limitados, não é? Somos limitados quando pensamos que algo como uma doença séria nunca acontecerá conosco. Somos limitados quando deixamos a vaidade tomar conta da nossa vida, a ponto de não valorizar os pequenos gestos que o outro nos faz de bom grado. Somos limitados quando mentimos pra encobrir outras mentiras, ao ponto delas virarem uma bola de neve ou um fio tão intrincado que não sabemos como desenrolar. Somos limitados quando nos sentimos no direito de sermos superiores àqueles que nos amam, pelo simples fato de sabermos que o outro está inseguro e com um medo enorme de rejeição. Somos limitados quando não percebemos o valor do outro. Quando não acreditamos no amor, na felicidade, no bem-querer sem nada em troca... Somos seres limitados e nos julgamos dotados de grande razão.

Fiquei me questionando e ainda não cheguei a nenhuma conclusão, nem sei se quero chegar... Limito-me, também, quando quero achar solução pra tudo. Simplesmente quero viver tudo que puder. Fazer tudo que tiver ao meu alcance. Sentir a força do amor em tudo que faço. Eu sou um ser mutável, mas ainda estou presa a algumas coisas, a padrões de comportamento; a querer ser a sutileza em pessoa, sempre, a ter essa discrição inata... Às vezes penso em me libertar dessas coisas, mas quando me olho por dentro, vejo que sou um ser livre, que têm pensamentos grandiosos, mais insensatos que sensatos. Porém, não me sinto um ser fraco e sim dotado de grande força, grande abnegação... E de uma enorme gama de sentimentos controversos, todos voltados pro amor. No fim, sempre o amor. Então pra que e pra quem devo mudar isso?

Cansei de me perguntar o porquê das coisas não serem como eu quero. Sou uma mulher adulta que vive no limiar da adolescência e da maturidade. Comporto-me como adolescente quando fico esperando por algo que nunca vem e que penso me pertencer, mas não consigo alcançar. Quando fantasio demais situações e momentos. E por outro lado me comporto com maturidade, quando percebo a ridicularidade de algumas situações em que vivo e balanço a cabeça numa negativa pra mim mesma e bato na testa tentando me acordar... E sorrio secretamente da menina boba que sou. São duas vivendo dentro de mim e tentando coexistir sem grandes dramas. Sou uma mulher completa e madura quando me olho no espelho e diante das minhas marcas do tempo não me deixo abater e penso que mais que nunca sou um ótimo partido, uma ótima companhia, uma amante audaciosa, uma mulher sem falsa modéstia e cheia de vida, que depois de muito esforço conquistou e incansavelmente preserva seu espaço com amor e respeito. Que oferece aquilo que pode dar, sem medos ou amarras.

Depois de todas essas conjecturas daquilo que sou e pretendo continuar sendo, não chego a uma conclusão, acho que nunca foi isso que desejei. No dia que tiver todas, se tiver... Não terei mais motivos pra viver em nenhuma fronteira, apenas a da certeza e essa nem sempre me apetece.



Não sou doida no sentido pleno da palavra, talvez seja um pouquinho só e um tantinho utópica, mas tudo isso tem explicação na maioria das vezes ou não...

O que posso considerar mais? Talvez o fato de que respeito o território do outro e penso sempre até onde é possível ir sem agredir ou invadir o espaço, sem impor a presença e torná-la desgastada. Quero isso pro outro e quero isso pra mim. Quero todos os pontos demarcados, sem neuras, apenas com a certeza de que, a cada novo amanhecer, todo esforço ainda continua valendo a pena.

(Nil)

domingo, 31 de janeiro de 2010

Diálogo

- Foi assim do nada, veio rondando a minha porta, em silêncio, sorrateiramente... foi assim...

- como?

- Assim, desse jeito bobo e, ao mesmo tempo, tão intenso. Me senti fatigada, muito fatigada pra tentar escapar.

- Mas você nem tentou?

- Ah tentei, tentei sim, mas é que sou assim, sabe... aquele tipo de mulher que se entrega, se joga de cabeça, faz um monte de bobeira uma atrás da outra. E foi assim, ele foi chegando e de repente me senti dominada, tomada por pitadas de loucura. Dessas loucuras que eram tão boas, tão sublimes... tão cheia de razão. Parecia razão às vezes, mas só às vezes... mas de repente se tornou loucura de verdade. Amar é isso?

- Não sei, nunca amei.

- Como assim nunca amou?

- Ah, sou razão sempre, sem coração, dizem..

- Então me ensina.

- Ensinar o que?

- A ser assim, sem coração.

- É muito simples, feche-se no seu mundo, doa-se completamente ao seu trabalho, não escute o conselho das amigas mais experientes, ou melhor, não tenha amigas. Não aceite um homem na sua vida, não ame, não sinta, não saia, não viva, vire máquina.

- Você falou que era simples.

- Mas é.

- Me anular nunca será simples.

- Eu não me anulei, simplesmente deixei de sentir.

- E como se sente?

- Não sei, eu não sinto.

- Está entorpecida?

- Devo estar...

- Que triste...

- Você vai tentar?

- O que?

- Deixar de sentir.

- Não, mas você me fez enxergar algo muito importante.

- O que?

- Que continuar sentindo, não fugir, é completamente surreal e essa sensação não troco por nada, nem mesmo pela sanidade que você me transmitia há alguns minutos.

- Prefere continuar enlouquecendo então?

- Sim... e já vou de novo...

- Vai aonde?

- Continuar vivendo e enlouquecendo, afinal eu sou assim, sabe?

- !?


(Nil)

Voz...

Tem uma vozinha dentro de nós que fala sempre o contrário do que queremos. Aquela voz que nos manda tomar vergonha na cara, seguir em frente, que diz para pararmos de fazer algo de errado no exato momento do “delito”. Que diz: Para, segue, assim não, não é por aí....” mas nós insistimos em ignorá-la, até que um dia resolvemos escutar, porque é necessário, porque cansamos de ignorar nossos instintos, nossa razão precisa ouvir e então percebemos, sentimos o calor daquela voz com o dedo em riste apontado bem na nossa cara dizendo: “Eu avisei!!!”.

Acerca dos homens...

Dizem que os homens nunca crescem. São eternas crianças à procura da mãe que existe em toda mulher. Mas fico pensando, será que estamos dispostas a isso? A sermos mães de marmanjos que nunca crescerão? Isso é muito limitante, é quase como uma sentença: você está eternamente condicionada a aceitar o homem assim, desse jeito infantil, que faz birra, pirraças, fica mudo, provoca ciúmes, recusa o que você oferece, como se dissesse:”sou assim, é a minha natureza”.

O tempo passou e você cresceu, deixou de ser adolescente, evoluiu como mulher, amadureceu, não aceita mais migalhas, mais atos de indiferença e infantilidades de nenhum homem. O que você quer é um parceiro de verdade, que dá a cara a tapa, que tem a coragem de ser homem, de ser pleno!

Por que só nós temos que ceder sempre? Por que só nós nos comportamos como verdadeiras e intensas, que é o que nós somos na realidade?

Sinto que ser mulher foi um presente dos céus, uma maneira da vida me agraciar e me fazer ter orgulho da minha condição. Eu cresço a cada dia e ainda tento ajudar o outro a crescer, se isso não acontece, me abstenho de qualquer culpa, sou mais eu e ponto!


(Nil)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pessoas que valem a pena ler

"Mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, a gente, as pessoas infelizmente têm, temos, essa coisa, as emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não te desviares demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções."


"As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não formulados, camadas inperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções que nem se mostram."

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."


Um pouco de...



.Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ponderações


Um dia a menina cheia de sonhos, que acreditava em príncipes, casou. Viveu feliz, teve filhos e pensou que a vida era perfeita. Mas não era, ela descobriu depois. Foi traída, sofreu, seu mundo caiu e algo morreu dentro dela. Ela perdoou, seguiu em frente no seu mundinho sem grandes novidades. Certa vez ela olhou pra fora, pela janela ela viu um jardim verde, muito verde e quis ter aquilo. Então seu mundinho se tornou frívolo, sem sabor e ela voltou a sonhar.

Ela ousou sair, ver o jardim de perto... Colocou as pontas dos pés na soleira da porta e parou. Ficou pensativa: “Será que devo? Afinal esse não é meu mundo”. Olhou pra trás e viu que seu mundo não tinha as cores que queria. Criou coragem, seguiu em frente, colocou braços e o corpo todo pra fora, sentiu o vento fresco no rosto, sorriu... Foi conhecer outro mundo, aquele jardim verde e convidativo.

Com o novo mundo ela sentiu prazeres infindos. Sentia-se ela mesma, pura e simples. No final de tudo tinha que voltar pro seu mundo, pra mesma rotina. Só que agora ela tinha um segredo, um jardim verde e florido, por onde podia correr, sentir prazer e ser uma pessoa autêntica, cheia de alegria. Então ela ficava entre esses dois mundos. Só que se apaixonou pelo jardim e de repente voltar ficava cada vez mais pesado, mais difícil. Ela tinha que fazer uma opção, mas envolveria questões maiores, poderia viver entre os dois mundos até o fim... Mas algo aconteceu e seu jardim fechou, acabou a alegria, o prazer e a dor voltaram com força! Ela se fechou na sua rotina, quis resgatar a antiga alegria que sentia ali, mas por mais que tentasse não conseguia, pois aquele jardim tão perfeito não saía das suas lembranças, dos seus mais loucos sonhos... E a vida continuava.

Aquele jardim permaneceu, ela já não vislumbrava mais seus recantos, mas ele estava lá fora, ela sabia. Um dia, quis o destino, por uma força poderosa qualquer, que seu segredo fosse descoberto e ela não conseguiu negar, assumiu o erro e perdeu uma parte de seu mundo menos colorido.

Descobriu que algumas coisas permanecem pra sempre e nessa descoberta saiu mundo afora, agora em outra situação, livre das amarras que a prendiam. Agora podia conhecer outros jardins e não sentir culpa. Desse primeiro passo outras novas descobertas surgiram e uma delas foi que nem todos os jardins eram iguais, tão verde quanto aquele dos seus sonhos. Ela tentava recriar novas flores, novas cores, novos momentos de alegria, mas era tão difícil e o pensamento sempre caía no seu oásis. Estava feliz sim, apesar de tudo. Havia amadurecido, resgatado sua autoconfiança, estava bem e as lembranças se tornaram doces, afáveis. Ela jurava pra si mesma que um jardim não a faria sucumbir e resolveu se embrenhar nele de novo, pra saber se algo havia mudado...

Porém ao se deparar com uma ponta de um riacho, seu som, seu frescor, apenas um pequeno pedaço, nem chegou a entrar no jardim todo; o sentimento adormecido voltou e seu coração começou a bater descompassado e lembranças dos momentos vividos entorpeceram seus sentidos. Entrou num limiar difícil de voltar dessa vez. Ela soube que aquele lugar foi o que sempre quis... A sua ponta de paraíso estava ali, verde e florido... Só que com uma pequena proibição: a sua entrada seria limitada. Sua reação diante disso foi aceitar, porque sonhava que ainda poderia correr por ali sorrindo, feliz como antes.

A promessa de paraíso tornava seus dias mais alegres, o alimento que vinha dele, pequenas notas e cheiros, animava algo dentro dela.

Hoje ela ainda sonha com seu jardim, porém as limitações tornam seus momentos ali mais difíceis de serem alcançados, ela pondera se ainda vale a pena insistir na sua entrada e permanência, mesmo diante das promessas de tantas delícias e prazeres.

Seu mundo está ali, ela sabe... Mas lutar contra o tempo numa guerra injusta faz com que ela pondere até quando pode continuar de pé, sonhando e ansiando por momentos já vividos e revividos em seus sonhos. O senso do real atormenta seus dias e ela quer se perder no seu jardim, fazer alguma loucura pra entrar logo e nunca mais sair dali... Porém pensa até que ponto vale a pena continuar sonhando ou se deve decidir conhecer outros jardins, que de repente até podem esconder doces e instigantes paisagens. Ela precisa ponderar ainda, escolher e já está tão cansada de tentar entrar e sentir a porta bater na sua cara.

O quanto um jardim é importante até se tomar a decisão de voltar atrás? De fugir correndo e descobrir novos horizontes? Ela ainda pensa, é difícil fugir dali, mas está disposta a ter outras chances, mesmo que seu mundo naquele jardim aconteça um dia.

Ela pondera, mas quer viver, precisa viver. Ela sabe que merece isso.

Quando o jardim vai abrir suas portas de vez e deixar um mundo novo entrar no seu sangue? Vislumbrar a paisagem da soleira já não satisfaz mais sua sensível personalidade, ficar olhando de longe o que ela tanto quer em suas mãos atormenta seus dias e ela pondera, continua ponderando... Até quando???

(Nil)


Limiar

O meu eu de poetisa
vibra com versos imprecisos
E deixa revelar
apenas uma parte de si
nunca entrega tudo
Fica no limite
entre a candura e a insensatez.

(Nil)

Compasso

Um pouco de matéria, carne, sangue e pensamento...
Pra me entender é tão simples, não vê? Leia os sinais que deixo ao longo do caminho... Não preciso falar, mas ouça, leia, invista, insista... Mas na medida certa, sem deixar faltar e nem transbordar nem uma única gota!

(Nil)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sutil


Sou uma mulher de entrelinhas
A revelação, na maioria das vezes, está diante
dos olhos, não vê?

(Nil)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pessoas que valem a pena ler...

"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia…”

. Martha Medeiros .

(Trecho do Divã)

Ausência

O que é uma ausência?
Uma falta carcomida no peito
Doendo uma dor besta
Uma dor vazia da presença de alguém
E então de repente meu braço ficou só
Minhas mãos ficaram geladas na ausência das suas
Minha boca ficou amarga com a falta dos seus beijos
Meu corpo ficou frio sem a sua virilidade
Minha vida perdeu a cor
O tom, o som
O tesão
O brilho
E aí você se foi
Deixando um buraco aqui onde antes batia meu coração
E agora, o que faço?

(Nil)

Certeza

Eu quis um dia ser sua
Com tanto fervor que doía
Com tanta vontade
Que enlouquecia
Ainda me perco
Em pensamentos avulsos por você
Cada um no seu canto secreto
Guardados como relíquia
Aonde só eu sei e
Ficará para sempre.

(Nil)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ânsia

Não sei o que me angustia hoje
Mas algo acontece aqui dentro do peito
Algo maior que eu mesma e
Toda vez que ouço a canção que lembra você
Sinto o mundo cair sobre mim
Sobre meus sonhos
E a angústia vem aos borbotões
Como uma enxurrada alagando tudo
Enchendo cada cantinho de lembranças
E cada veia, cada poro,
Cada célula, cada espaço de mim
Grita seu nome.
(Nil)

Tempo

Se me perco em alguns momentos

É por me encontrar

Verdadeiramente em estado de letargia

Não por querer

Mas porque o tempo se impõe

Fatidicamente

Nada sorrateiro

Como um tufão vindo em círculos

E me tomando inteira

Vida, arte, sonho, pensamento.

Nil

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Resignação


Uma tarde de saudade
De lembranças intermináveis
Uma vontade louca de mandar às favas qualquer
Resquício de brio, de vergonha na cara...
Entretanto, maior é a certeza de que nada do que eu fizer,
Mudará o que está escrito.

(Nil)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Inspiração II

Surpreendo-me com as palavras
Os sons e tons
Sinto a poesia se transformar
em algo quase sonoro
como os tique-taques
do relógio
na parede da sala.

(Nil)

Inspiração

A poesia entrou na minha veia
Correu no meu sangue
E me tomou inteira
Sinto-me prestes a explodir
Com tantas palavras
Soltas e prontas
Pra saltar de dentro de mim.

(Nil)

Eu


Se ontem eu era interrogação, hoje sou reticência, sem ponto nem vírgula, sem exclamação, sem explicação. Sou TODA eu e fim


(NIL)